quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Dói-dói

Isabel, raramente choras. És bem-disposta, calma, sorridente. Não sou eu que o digo, todos dizem. Médicos, família, amigos, estranhos na rua e no supermercado. "Ela é muito calminha, não é?" "É, muito." És. Tenho uma amiga que diz que choras em mute. Já te vi ter birras de sono, tiveste cólicas chatas, mas não és um bebé de choro fácil.
Mas na noite passada, às quatro da manhã... ui! Nunca te tinha visto chorar assim. Um choro de dor, de boca aberta, olhinhos cerrados, um grito bem de dentro. Vesti umas calças de ganga e uma camisola, pronta a ir contigo às urgências. Pegámos em ti e, na cozinha, ofereceste-nos um sorriso. Mesmo com dores, Isabel, tu sorris. Mas enganaste-me, filha. Pensei que era só um pesadelo ou que estavas cansada.
Afinal, tens mesmo um dói-dói e até a mim me dói. Hoje à tarde senti que não estavas bem. Uma Isabel lamuriosa, a fazer queixinhas e nem na mama acalmavas. Lá fomos às urgências do S. Francisco Xavier e fomos recebidos prontamente e com muito carinho. Assim é tão mais fácil.
Tens uma otite. Perguntei à pediatra, com aquele sentimento de culpa que as mães tão bem conhecem, se devia ter esperado tanto tempo. Disse-me que sim, que fiz bem em esperar. Mas cá dentro, bem no fundo, algo me disse que deveria ter ido ontem, assim que percebi que a minha Isabelinha não estava bem.
Como saber? Como ter a certeza? E se não fosse nada e apanhasses por lá uma infecção? E se, e se, e se... Os "ses" que nos consomem. Quero acreditar que um dia vou ser menos dramática, que não me vai custar tanto ver-te sofrer, que vou dizer "é normal", "isto passa"... mas por agora és a minha bebé e eu quero cuidar de ti.

Sem comentários:

Enviar um comentário