quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O armário da Isabel

O móvel que comprámos no OLX - cristaleira modelo Queen Anne reciclada e transformada em armário

As primeiras roupinhas



domingo, 24 de novembro de 2013

O tio Jorge

(Para leres só quando fores muito crescida)

Isabel,
Queria que não tivesses de saber que a vida é rápida e fugaz.
Que este país não é para velhos.
Que o teu tio-avô Jorge morreu com 58 anos, longe da família porque se viu obrigado a emigrar este ano.
Só queria trabalhar. Era um lutador, um sonhador e nunca cruzou os braços.

Em criança montou, com uma boa dose de loucura e coragem, um paraquedas com a mochila da escola e umas cortinas e saltou do segundo andar para experimentar a invenção. Sobreviveu.
Este ano foi tentar a sorte em Inglaterra. Não sobreviveu.
Teve um avc, um aneurisma cerebral, e não resistiu.

O meu tio dizia, sempre num tom alegre e bem disposto, que eu era a "sobrinha favorita" dele. Eu respondia "a única". Sempre fui a única menina num mundo de rapazes e desde miúda que me lembro desta espécie de código entre nós.
O meu tio era uma pessoa alegre, com muita luz, com um bom coração. Inteligente, sabedor, enérgico, teimoso, chato às vezes. Um homem incrível, que animava as mesas e as férias. Como única menina na família, lembro-me de me sentar à mesa com os adultos e de ouvir as discussões acesas, qual família siciliana, e ele tinha fogo. Falava alto, com emoção, com vida no corpo.
Vou ter saudades. Vamos ter saudades. Tenho muita pena que não o chegues a conhecer, ele ia adorar conhecer a sobrinha-neta, a Isabel.
Ias gostar dele.

Ele morreu sozinho, longe da família. Já foram buscá-lo para perto de nós, mas o vazio, esse não vai diminuir. Vai sobrar um lugar na mesa neste Natal. E nos próximos. No próximo estarás cá tu. Nos outros também. E eu vou fazer questão que saibas quem foi este homem que sempre nos contagiou a todos com otimismo e esperança, mesmo quando tudo parecia negro.

Até já Isabelinha,
Até sempre, tio Jorge
Da tua "sobrinha preferida" (a única...)

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Como vais ser?

Começo a imaginar como serás. Se terás o meu nariz de batata, se os cabelos serão lourinhos e lisos como os meus eram, se vais ter bochechinhas de se comer ou o queixinho do pai. Os olhos, castanhos claros e amendoados? Vais ser chorona como a mãe ou calma como pai? Boazinha como ambos ou, pelo contrário, arisca e intempestiva?

Sinto-te a pontapear-me a todas as horas do dia e imagino as festas que já dás aí dentro. Que a tua vida seja uma festa, sempre a ver o lado bom das coisas, a sorrir para o mundo.
Tive uma infância inesquecível e quero que a tua seja igual.




Versão desdentada

Com dois anos, no dia do meu Baptismo


Sorriso de férias na Costa de Caparica


Quando achava que passar a ferro era giro


quarta-feira, 20 de novembro de 2013