segunda-feira, 23 de junho de 2014

No teu quarto

Estou na minha cama, no meu quarto, e tu, Isabel, estás no teu. Ontem foi a primeira vez que lá dormiste. Deitei-te às 22h, dormiste até às 04h, acordaste para mamar e lá fui eu a correr sossegar o teu choro. Mamaste pela primeira vez na cadeira de baloiço. Logo depois adormeceste. Depois, voltaste a choramingar às 06h mas resolveu-se com a chucha. Acordaste às 07h.
Não tens estado a mamar muito bem na mama, talvez devido ao biberão, tão mais fácil. Já tens personalidade, meu amor! Chateias-te porque dá trabalho mamar! Mas durante a noite mamas lindamente, talvez enganada pelo sono, talvez com saudades do meu cheiro e do meu calor. Tenho medo que deixes de querer o meu leitinho. Depois das dores terríveis iniciais e que duraram quase um mês, é um dos meus momentos preferidos. Um momento só nosso, de amor, de toque, de pele com pele. Tinha o projecto de te dar leite materno exclusivo até aos 6 meses, mas já não sei se vai ser possível. Eu tentei amor, eu estou a tentar. Mas não está a ser fácil!
Agora estou na cama, longe de ti, e tenho saudades. Saudades de te ter aqui perto de mim, à distância de um braço. Já não cabes no berço, querida. Estás grande, grande. Já estás no teu quarto. E dormes tranquilamente, sei disso. Estás bem e talvez até durmas melhor! Mas eu estou sozinha no quarto e tenho saudades. Tuas. Do teu pai. Não fui feita para estar sozinha, para dormir sozinha. Estou só à espera que acordes para estar outra vez perto de ti. Dorme bem, Isabel. Bons sonhos!


sábado, 21 de junho de 2014

Cor-de-rosa

Desde que soube que estava grávida de ti, Isabel, o meu mundo ficou cor-de-rosa. O nosso mundo. Ir à procura do papel de parede, das almofadas, das molduras, dos detalhes. Comprar as primeiras roupinhas. Rosa e branco. E imaginar. Imaginar-te nas roupas, imaginar-te na caminha. Sonhei muito com estes momentos. Agora tudo isso é real, filha. És meiga e sorridente. Observadora, expressiva. Fazes-me rir. És tão querida. E ficas ainda mais querida de cor-de-rosa, a cor da tua pele.
Um dia já não vais querer golas, nem folhos, nem cor-de-rosa. Um dia já vais ser tu, senhora do teu nariz, a fazer as tuas escolhas. Mas para já és minha, a minha bebé, a minha bonequinha.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Gostava

Gostava que este fosse um diário da nossa vida. Gostava de ter mais tempo. Gostava. Gostava que, quando tivesses idade para isso, lesses este blog de uma ponta à outra e que soubesses como cresceste, a primeira vez que te viraste, a primeira vez que me apertaste as mãos para não mais as largares. Não me quero esquecer e acho que a minha memória me vai atraiçoar. 
Gostava de poder partilhar com quem nos segue todos os momentos. Porque todos os dias há uma novidade, porque todos os dias há amor, porque todos os dias há razões para sorrir ou para chorar. Nenhum dia é igual.
Gostava mas não consigo. A promessa que fiz ao teu pai, não cumpri. Prometi que escreveria todos os dias, que tiraria fotos todos os dias enquanto ele estivesse no Brasil. Não consegui cumprir. Mas também tenho a certeza de que o mais importante faço. Amar-te, cuidar de ti, dar-te atenção. 
Sim, já te viraste sozinha (e temos de ter agora muito cuidado quando te deixamos na nossa cama!). Sim, já me apertas as mãos com toda a força do mundo e não me deixas sair de perto de ti enquanto adormeces. Sim, estás comprida, com 61cm, vivaça, alegre, esperta.
Ris-te, ris-te muito. Ris-te tanto. Quando acordas, quando falamos contigo, quando olhas para os bonecos, quando, sorrateira, desvias o pescoço para espreitar a televisão. Não podes, filha! Não tens idade para isso!

Ontem fiz 28 anos. Adorei o meu dia. Acordámos cedo, fui arranjar as unhas e cortar o cabelo, fui trabalhar, tinha um bouquet de rosas lindo e uma caixa de bombons à minha espera (foi o teu pai que encomendou!), cantaram-me os parabéns (a minha equipa de trabalho é a maior!) e depois cheguei a casa, dei-te banhinho (já não choras quando sais do banho!), vesti-te com uma das minhas roupas preferidas e fomos jantar com a minha mãe e uns amigos. Adorei o meu dia! Faltou o teu pai perto de nós, com aquela gargalhada fácil e aquele abraço demorado. Tenho saudades, muitas, cada vez mais. Gostava que ele estivesse cá. Gostava. 

segunda-feira, 16 de junho de 2014

3 meses e o regresso ao trabalho

Hoje a Isabelinha faz 3 meses. Hoje recomecei a trabalhar (levei pampilhos, doces típicos da minha terra para os colegas! Adoraram, como sempre! )

Não é fácil voltar, estar sem ela. Ia trabalhar às vezes, mas levava-a comigo e eram coisas rápidas. Desta vez não, desta vez deixei-a a choramingar. Apeteceu-me chorar. Custa hoje, vai custar amanhã, vai custar esta semana. Mas tudo se faz.
Acordámos cedo em Santarém e "abriu" logo os presentes. Dois livros para o banho!

Quando cheguei a casa - e juro que não estou a romantizar - ouviu a minha voz e ficou muito contente. Relatório: esteve bem, mamou muito, o dobro do habitual (ainda bem que já tinha uma reserva de leite congelado), dormiu a sesta. Portou-se tão bem a minha menina. Fiquei descansada. Eu sabia que ela estava bem entregue, mas não é fácil, nada fácil. Chegar a casa, vê-la bem, sorridente, encheu-me a alma. Este foi o primeiro dia e já passou.

domingo, 15 de junho de 2014

Ontem (#04) e Hoje (#05)


David, 
A internet aqui em casa da avó Béu não tem sido nossa amiga. Mas em Lisboa vai melhorar!
Ontem o dia foi passado em casa, com muito calor. Só no final do dia conseguimos sair e ir ao jardim. Dei uns mergulhos e a Isabel ficou à sombra a ver os cães e a respirar o ar do campo.
Hoje já conseguimos ir até à cidade fazer umas comprinhas e passear. Ando toda vaidosa com ela e adoro que se metam com ela. Responde com um sorriso e eu fico completamente babada. 
Para dormir à noite é que foi mais complicado, acho que estava com imenso calor! Ficou só com body de manga curta e ao fim de uma hora e muito colo a nossa princesa lá adormeceu.

(A fazer beicinho. Acho que são saudades tuas (heheh))

(A dormir a segunda sesta da tarde)


sexta-feira, 13 de junho de 2014

O nosso dia

Este ano não há sardinhas, nem cerveja, nem música. Não há vontade de fazer xixi sem WC por perto nem pisadelas. Não há dança até ficar com o cabelo molhado nem gargalhadas estridentes até ao nascer do sol. Não há manjericos nem frases castiças. 
Mas há a Isabel, que faz sons indescritíveis enquanto dorme. Que me enche o coração e me ajuda a apaziguar as saudades. Que me acorda com um sorriso enorme, feliz da vida. 
Faz hoje cinco anos que o Santo António nos juntou. Faz hoje um ano que do nosso amor fizemos nascer um amor maior. 
Este é o nosso dia. 
Estamos longe, mas perto.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Hoje (#03)

David, 
Hoje foi dia de ficar em casa. O calor era tanto que só pusemos um pé na rua às 19h30. Fiquei a brincar às bonecas com a Isabel. A fazê-la rir. A adormecê-la. A dar-lhe maminha (muita fomeca hoje!) A adorá-la.


Já tem o kit de praia completo! Olha só tanto estilo! (Ahahah)


Beijinhos, 
Joana


quarta-feira, 11 de junho de 2014

Hoje (#02)

David, 
hoje a Isabel acordou assim.
Falou, falou, falou! Estivemos na conversa 10 minutos.
Depois banho. Não chorou quando saiu! Confirma-se, a solução é só uma: chucha! 
Andou bem-disposta todo o dia, dormiu no carro até casa da avó Béu e o até reagiu bem a tanto calor (está tanto calor em Santarém que tive de despi-la - ficou só com body!)
As pessoas ficam encantadas com o sorriso dela. Sorri para todos, é uma vendida (hahaha). 
Agora na hora de dormir a birra de sempre, mas nada que o colinho não resolva. Já dorme profundamente e podia apostar que está a sonhar contigo. 
Saudades, 
Joana 

Hoje (#01)

O pai da Isabel foi ontem, dia 10, para o Brasil, acompanhar o Mundial. Prometi fazer-lhe um diário da Isabel. Cá está o dia 1.

David, 
hoje, depois de te deixarmos no aeroporto, fomos até casa. Fui a chorar parte do caminho. Sei que vou dar conta do recado, mas não vai ser fácil. Estou habituada à tua ajuda, ao teu amor, à tua presença. Mudas-lhe a fralda, falas com ela, ajudas-me a acalmá-la quando eu não consigo. Transmites-me calma e segurança. Fazes com que me sinta boa mãe. Graças às tecnologias, vamos minimizar a tua ausência, vais vê-la todos os dias.  Mas ambos sabemos que não é a mesma coisa.
Depois de uma mini-sesta, fomos buscar a minha mãe à estação e fomos a casa da nossa amiga Joana, mãe da Irene.
A Isabel gostou muito, como se pode ver na imagem (hahaha). Adoro esta fotografia. O ar da Irene, impávido e sereno. Repara bem no dedo mindinho, como que a confortá-la. Quero tirar-lhes fotos destas, lado a lado, ao longo da vida delas. Espero que sejam amigas e que se dêem tão bem como as mães delas.
A Joana é já uma amiga do coração e conhecemo-nos há tão pouco tempo! Foi a maternidade que nos uniu, mas muitas outras coisas nos tornam cúmplices. É das pessoas com mais graça que eu conheço e tem um coração gigante. Gosto mesmo dela! (estás a ler esta lamechice, Joaninha?)
 A minha mãe matou saudades da netinha com muito colo, beijos e apertos.

Viemos para casa e adormeci com a Isabelinha, ela no berço e eu na cama, de braço esticado para que ela pudesse agarrar os meus dedos. Acordei quase à meia noite.
A esta hora já chegaste. Quero que te divirtas, meu querido. Que aproveites, que sorvas tudo, que conheças pessoas, que trabalhes cheio de vontade e motivação. É uma experiência única!
Por aqui vamos ter saudades, mas quando chegares não vamos desgrudar um segundo.
Com amor, 
Joana


"Não cresças muito", pediu-te


Isabel, hoje o teu pai sobrevoou o Atlântico. Quando se despediu, pediu-te que não crescesses muito. Logo os meus olhos se encheram de lágrimas. Foi o primeiro dia sem ele. A primeira noite. Adormeceste no berço, ao lado da nossa cama, a segurar os meus dedos. Vamos ter saudades, tu e eu. O teu pai é tudo o que eu sonhei para marido e para pai dos meus filhos. Para teu pai. Apesar do sono, acorda com um sorriso quando te vê. Tu retribuis sempre. Sempre não, hoje não. Hoje choraste muito. Parecia que estavas a adivinhar que ele se ía embora. Ele volta, Isabel. Em menos de nada. Pelo menos, é no que me refugio para não chorar.
Quando o teu pai me falou na hipótese de ir trabalhar no Mundial, acompanhar a selecção, conhecer o Brasil, nem pisquei os olhos. Disse-lhe "vai". Sabia que ia ser óptimo para ele. Uma experiência única, profissional e pessoal. Estava grávida, fiz as contas e disse que ias ter três meses, que não ia ser fácil, mas que devíamos arriscar. Que ia correr tudo bem. Vai correr tudo bem. Vamos morrer de saudades, mas vai passar depressa. Depressa, mas devagar para que não cresças muito, tal como ele te pediu.




sexta-feira, 6 de junho de 2014

Sei-te

Cada momento é único. Cada detalhe. Cada refego, cada dedinho, cada pestana revirada. Sei-te de cor, já dizia a canção. Sei mesmo. 

Sei-te de cor acordada e a dormir. Acordada com um sorriso ou com um olhar mais sério. 
Sei-te de cor e não sei nada. A cada dia que passa uma novidade, uma nova expressão. Olhas-me, absorves-me e decoras-me também. Sei que me amas. Sei que és feliz. E que assim sejas, minha filha, sempre.










quarta-feira, 4 de junho de 2014

O teu avô

Isabel, o teu avô vai pegar-te ao colo de uma forma única, embalar-te e deixar-te a dormir num instante. Vai fazer-te rir com cócegas e sem elas. Vai pentear-te cuidadosamente. Vai apanhar ondas do mar contigo para que nunca sintas medo. Vai pedir-te que lhe coces as costas. Vai rir-se para ti com aquele riso único, enorme e bonito. Vai ajudar-te nas contas de matemática e nos trabalhos da escola. Vai contar-te piadas. Vai fazer peixinho grelhado para ti. Vai mimar-te tanto, mas tanto, que vais desejar passar dias inteiros com ele. Vai tentar ensinar-te os nomes dos pássaros. Vai falar inglês e vais achar o sotaque dele estranho. Vais gostar das festinhas no cabelo que ele dá, quando estiverem a ver televisão os dois. 

O teu avô Fernando foi o melhor dos pais, deu-me a melhor das infâncias. E agora, estou certa, vai ser o melhor dos avós. 

Parabéns, pai!

terça-feira, 3 de junho de 2014

Dias que passam rápido

Tirando um ou dois dias em que ficamos de pijama, as duas, a dar colo uma à outra, a fazer sestas, a "falar" e a rir, as nossas semanas passam a correr. 11 semanas já foram, num ápice. As melhores semanas da minha vida. Às vezes tenho de me esforçar para me lembrar de como era a minha vida antes dela. Parece que sempre lá esteve. Tirando o facto de não poder ficar a dormir até tarde, nada mais me faz falta. E até a isso o meu corpo já se está a habituar.
A Isabel é um amor. Todos dizem e eu confirmo. Calma, bem-disposta e a chorar, fá-lo baixinho, para não incomodar ninguém. Por enquanto. Por isso tenho tido uma vida activa, levando-a para todo o lado. Para jantar fora, para almoçar, para ir à ginástica.
Mas ontem foi diferente. Foi a primeira vez que a deixei em casa muitas horas seguidas. Ficou com o pai. Tirei leite e fui à minha vida, ao Rock in Rio. Tirei uma selfie no carro como que a saborear o meu momento de independência.
Que bem me fez! Dancei, cantei, cansei-me. Mas a verdade é que o meu coração era dela. É dela. Para sempre. Olhava para o telemóvel a cada 20 minutos. Fiquei sem bateria e o telemóvel de uma amiga foi a minha salvação. Tinha de saber como ela estava. Confio a 100% no David, sabia que não poderia estar melhor entregue, mas mesmo assim... coração de mãe fica apertadinho, cheio de saudades. Parece que o nosso corpo não termina em nós, se prolonga. Parecia que tinha deixado parte de mim em casa. Hoje, quando acordámos, dei-lhe uns cem beijos. E aquele sorriso deita por terra o cansaço (sim, porque isto de sair às 21h e chegar às 03 da manhã já não é fácil!)
Apesar do cansaço, hoje foi dia de ginástica. Fiz um esforço sobrenatural para levantar este rabo gordo da cama, mas consegui! Três vezes por semana lá vamos nós, recém-mamãs, tentar recuperar a forma. Saio de lá a cair para o lado, mas depois de um banho fico cheia de energia.

Hoje a energia era tal que ainda fomos almoçar fora. Gosto de sair. De passear. De sentir o vento na cara, de ver pessoas, de ver o mar. Espero que a Isabel também venha a gostar de ver o mundo!