sexta-feira, 20 de junho de 2014

Gostava

Gostava que este fosse um diário da nossa vida. Gostava de ter mais tempo. Gostava. Gostava que, quando tivesses idade para isso, lesses este blog de uma ponta à outra e que soubesses como cresceste, a primeira vez que te viraste, a primeira vez que me apertaste as mãos para não mais as largares. Não me quero esquecer e acho que a minha memória me vai atraiçoar. 
Gostava de poder partilhar com quem nos segue todos os momentos. Porque todos os dias há uma novidade, porque todos os dias há amor, porque todos os dias há razões para sorrir ou para chorar. Nenhum dia é igual.
Gostava mas não consigo. A promessa que fiz ao teu pai, não cumpri. Prometi que escreveria todos os dias, que tiraria fotos todos os dias enquanto ele estivesse no Brasil. Não consegui cumprir. Mas também tenho a certeza de que o mais importante faço. Amar-te, cuidar de ti, dar-te atenção. 
Sim, já te viraste sozinha (e temos de ter agora muito cuidado quando te deixamos na nossa cama!). Sim, já me apertas as mãos com toda a força do mundo e não me deixas sair de perto de ti enquanto adormeces. Sim, estás comprida, com 61cm, vivaça, alegre, esperta.
Ris-te, ris-te muito. Ris-te tanto. Quando acordas, quando falamos contigo, quando olhas para os bonecos, quando, sorrateira, desvias o pescoço para espreitar a televisão. Não podes, filha! Não tens idade para isso!

Ontem fiz 28 anos. Adorei o meu dia. Acordámos cedo, fui arranjar as unhas e cortar o cabelo, fui trabalhar, tinha um bouquet de rosas lindo e uma caixa de bombons à minha espera (foi o teu pai que encomendou!), cantaram-me os parabéns (a minha equipa de trabalho é a maior!) e depois cheguei a casa, dei-te banhinho (já não choras quando sais do banho!), vesti-te com uma das minhas roupas preferidas e fomos jantar com a minha mãe e uns amigos. Adorei o meu dia! Faltou o teu pai perto de nós, com aquela gargalhada fácil e aquele abraço demorado. Tenho saudades, muitas, cada vez mais. Gostava que ele estivesse cá. Gostava. 

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