quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Para ti, Isabel




Há vida dentro de mim. Sinto-te agora a todas as horas do dia. De manhã a dares-me os bons dias, à tarde, enquanto estou silenciosamente a trabalhar, no carro, quando canto para ti, à noite quando, já cansada, descanso o corpo, pesado, sobre a cama. E até durante o sono, num misto de sonho e realidade.
Há vida dentro de mim. Sinto-te agora. Mas já te sentia ainda antes de te sentir. Já sentia com o coração. Agora sinto também com a palma da mão e na pele. E basta um olhar mais atento, que até já te vejo a balouçar em mim.
Há vida dentro de mim. Uma vida que dá sentido à minha, que une todas as pontas, que me faz querer viver ainda mais intensamente. Um amor de ir às lágrimas com a maior das facilidades, um amor que coloca tudo em perspectiva, que me faz dar valor à vida, verdadeiramente.
Há vida dentro de mim. E há medo, mas só às vezes. Medo de não estar à altura, para logo de seguida ter a certeza de que nasci para isto. Medo de não ter tempo, para logo de seguida ter a certeza de que o vou ter, custe o que custar. Medo de falhar, para logo de seguida ter a certeza de que, apesar disso, vou conseguir.
O meu sonho é o de que um dia te possas orgulhar tanto de mim como eu me orgulho da minha mãe. Que me digas “boa noite, mamã”, confortada pelo meu cheiro, aninhada a ti, enquanto os monstros do escuro se vão embora. Que chores no meu colo, quando sofreres o primeiro desgosto de amor. Que me olhes com os olhos grandes e atentos com que admiro a minha mãe e que sintas por mim as saudades que sinto dela, quando estamos longe.
O meu sonho é o de que o David tenha a paciência que o meu pai tinha para me esticar o cabelo e enrolar a franja, em cima do banco da casa de banho. Que te faça cócegas intermináveis e te ajude com as contas de matemática. Que se emocione no dia em que tu, pela primeira vez com os olhos pintados, lhe pareças escapar irremediavelmente do ninho ao dizeres que não tens horas para voltar.
Amor gera amor. Recebi tanto, mas tanto, que tenho agora o coração cheio para ti. E se às vinte e duas semanas já é assim…

2 comentários:

  1. Minha filha adorada, como ir ao teu blog sem que uma torrente de lágrimas rolem pela minha cara...e são daquela alegria que me faz recuar ao tempo em que te sentia, assim, simplesmente dentro de mim...estou também a ser mãe e a sentir, agora, as emoções em duplicado, que bom que é este amor de ser mãe/avó! É como se fosse a lei do eterno retorno: o que damos, recebemos em duplicado!
    Os teus papás, tão jovens e com essa insegurança, que é normal, também duvidávamos se estávamos a fazer tudo bem, seguimos o coração, mimamos-te guiados pelo amor, e olha só o resultado: fez-te ser assim...como um botão de flor , delicado, que irradia tanto amor e luz! superaste-nos, sem dúvida, portanto vais ser muito melhor com a nossa querida e já tão amada Isabel!
    Mas...
    P.S. ela vai ter o teu nariz...é já um facto que pode ser comprovado com a comparação das duas ecografias( a tua e a dela)! ahahahah!!

    ResponderEliminar
  2. Ahahah pois vai! O nariz é de caras! Fizeste-me rir, logo depois de me fazeres chorar, por isso (só por isso) estás perdoada! Um beijo com aquele amor que só nós sabemos*

    ResponderEliminar