domingo, 13 de abril de 2014

4 semanas


Quatro semanas de bochechas gordas que merecem uma mordidela. Quatro semanas de pestanas grandes, de olhos de um cinzento enigmático, de beicinhos e choros de mimo. Quatro semanas a miar, a bocejar, a chuchar o polegar, o indicador, outro dedo qualquer ou todos ao mesmo tempo. Quatro semanas de umas perninhas cheias de pregas, de uns pés compridos, de umas mãos gordinhas. Ah! E de umas orelhas longe de serem redondinhas e perfeitas. São quadradinhas e a do lado esquerdo tem desenhado uma espécie de coração.
O cheiro... ai o cheiro! Queria guardá-lo num frasquinho para nunca mais esquecer! Ainda dizem que esta é a fase menos gira. Eu adoro. Vê-la dormir basta-me. Ouvir os sons tímidos. Tê-la só para mim, dar-lhe colo, cantar para ela. Sentir que se acalma com a minha voz.

Quatro semanas a aprender a ser Mãe. Com todas as inseguranças, com o cansaço, com a inexperiência, com o desespero. O choro (os choros), as fraldas sujas acabadinhas de mudar às 5 da manhã, o colo. Ora vira para a direita, ora vira para a esquerda, abana um bocadinho, dá umas pancadinhas nas costas, ora põe a chucha, ora faz massagem. Quatro semanas a conhecer a Isabel, a tentar percebê-la, a sofrer com ela. Não é nada fácil. Mas o corpo habitua-se. Dormir duas horas seguidas pode tornar-se revigorante e às vezes até parece suficiente. A alma ajuda. Respira-se fundo e surgem forças não se sabe bem de onde. Talvez daqueles olhos cinzentos tão profundos. Está ali uma pessoa que já sabe tão bem quem eu sou. Às vezes chega a ser assustador. Mas bom. Tão bom!

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