Lá fora estava um lindo dia de sol. Era sábado, dia 15 de março. Estava
grávida de 39 semanas e três dias. Acordei cedo, fui lavar as tuas
roupinhas, quando senti algo diferente. Seria ruptura da bolsa? Pelo sim
pelo não, fomos ao hospital. Falso alarme. Mandaram-me caminhar e
voltar lá uma hora depois. Afinal era mesmo, ia ficar internada. Vinhas a
caminho. Eram 13h30.
Até às 02h48 do dia seguinte ficámos à tua espera. Contrações bem
fortes, dores enormes, fome e sede. O teu pai massajava-me as costas, eu
fazia exercícios na bola de pilates para acelerar a dilatação. Na
televisão o estoril-marítimo e algumas gargalhadas à conta disso.
Epidural e todo o conforto do mundo. A espera, mas nunca o medo.
Inspira, expira, inspira, expira. As dores a tornarem-se insuportáveis
outra vez. Hora do reforço da epidural. Sede, tanta sede e tanta vontade
de te conhecer, Isabel. Nunca mais vinhas. Estávamos à tua espera.
A nossa médica chegou. A obstetra com que sempre sonhei para este
momento. Calma, doce, de sorriso fácil. A deixar-me tranquila, sempre. Nunca
duvidei dela, nunca. Eu dizia piadas e estava bem disposta. O ambiente
era calmo, repleto de risos. As enfermeiras eram de
uma alegria, entrega e dedicação que nunca esquecerei. Eu estava pronta.
No caminho para a sala de partos, respirei fundo e
pensei na sorte que tinha. Pedi que corresse tudo bem. Foram 10 minutos,
não mais. Tivemos a ajuda da ventosa, mas nada disso me assustou.
Entreguei-me nas mãos da médica que 8 meses antes me tinha anunciado,
numa consulta de rotina, "está grávida!". A primeira pessoa que soube
que eu ia ser mãe e me viu chorar de alegria, no dia 29 de julho. Tinhas
então 7 semanas.
Vinhas aí, agora é que era. O teu pai ao meu lado e o milagre a
acontecer. Eram 02h48. Senti um corpo quente e irrequieto em cima do meu
corpo. Eras tu. Massajaram-te, choraste. O teu primeiro
choro, que nunca esquecerei. Ri-me, ri-me muito, descontroladamente. Eu
que sempre fui chorona, naquele momento tive um ataque de riso.
Inacreditável aquele momento e uma adrenalina como nunca tinha sentido.
Eras tu, Isabel. Puseram-te junto a mim, no peito, estavas a chorar e
acalmaste com o som da minha voz. Arrepiante. Emocionante. Inesquecível.
3,680kg, tudo perfeito. Prontas para ir para o quarto, fizemos o
trajecto juntas, foste a mamar e a ficámos a olhar uma para a outra, a
conhecermo-nos. Já no quarto, o pai pegou-te ao colo. Chorei, chorei
muito. Que momento lindo! O teu pai, o meu amor, contigo nos braços. Os
meus grandes amores.
A sério? Estou a chorar outra vez... <3
ResponderEliminar:) Eu escrevo a chorar, cheia de emoção, mas nunca pensei que fizessem chorar...
EliminarUm beijinho!!!
LINDO
ResponderEliminarObrigada! :)
Eliminar