Às vezes ouço mães a queixarem-se das mães e das sogras e acho que conseguimos ser um bocadinho injustas. Fazem-nos tanta falta (e aos nossos filhos) e que pena tenho de ter as avós da Isabel a quilómetros de distância.
Fui avó, por uns minutos. Espero que gostem.
Uma avó cuida, ama ao quadrado e
ainda leva reprimendas.
Uma avó já foi mãe embora os filhos façam questão de lhe
relembrar, vezes sem conta, que já foi há muito tempo, que já não sabe nada e
que não é ela a mãe.
Uma avó quer agradar e passar tempo de qualidade com os netos. Não tem de ser mãe.
Uma avó quer agradar e passar tempo de qualidade com os netos. Não tem de ser mãe.
Uma avó não ralha e mesmo que
façam o maior dos disparates “foi sem querer, coitadinho.”
Uma avó mima e (não) estraga. Em
muitos casos, não vê os netos todos os dias e quer condensar o tempo perdido num
fim-de-semana. Quer voltar a ver crescer e voltar a ser criança. Quer que uma
hora seja uma montanha russa de emoções.
Uma avó deixa as maçãs e as peras
na fruteira e encarrega-se de lhes adoçar a boca, mas não faz mal porque “é só
hoje”.
Uma avó partilha segredos com os
netos. Quer criar cumplicidade e não quer levar na cabeça.
Uma avó fala pausadamente, com
carinho e frescura na voz, e com toda a paciência do mundo. Está disponível
para fazer o avião, mesmo que as cruzes não colaborem, e para fazer ovos com
salsichas, caso eles não queiram a sopa.
Uma avó é presa por ter cão e por
não ter. Se o neto faz birra no supermercado, a culpa é dela, que o
estragou. Se lhe compra o chocolate, faz-lhe as vontades todas.
Uma avó ama incondicionalmente e
tem de levar com o peso da idade como desculpa para não saber nada.
Uma avó quer reaver o tempo que
não teve para os filhos e dá o melhor de si aos netos.
À minha mãe, à minha sogra e a todas as avós que nos seguem,
obrigada por serem o nosso e o outro lado.
Obrigada por serem Avós.