domingo, 26 de outubro de 2014

Aquelas gargalhadas

Um bocado de papel é quanto basta para fazê-la rir assim. Não há melhor som no mundo. Depois da otite, das febres altas e das dores durante a noite, isto é música para os nossos ouvidos.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Dói-dói

Isabel, raramente choras. És bem-disposta, calma, sorridente. Não sou eu que o digo, todos dizem. Médicos, família, amigos, estranhos na rua e no supermercado. "Ela é muito calminha, não é?" "É, muito." És. Tenho uma amiga que diz que choras em mute. Já te vi ter birras de sono, tiveste cólicas chatas, mas não és um bebé de choro fácil.
Mas na noite passada, às quatro da manhã... ui! Nunca te tinha visto chorar assim. Um choro de dor, de boca aberta, olhinhos cerrados, um grito bem de dentro. Vesti umas calças de ganga e uma camisola, pronta a ir contigo às urgências. Pegámos em ti e, na cozinha, ofereceste-nos um sorriso. Mesmo com dores, Isabel, tu sorris. Mas enganaste-me, filha. Pensei que era só um pesadelo ou que estavas cansada.
Afinal, tens mesmo um dói-dói e até a mim me dói. Hoje à tarde senti que não estavas bem. Uma Isabel lamuriosa, a fazer queixinhas e nem na mama acalmavas. Lá fomos às urgências do S. Francisco Xavier e fomos recebidos prontamente e com muito carinho. Assim é tão mais fácil.
Tens uma otite. Perguntei à pediatra, com aquele sentimento de culpa que as mães tão bem conhecem, se devia ter esperado tanto tempo. Disse-me que sim, que fiz bem em esperar. Mas cá dentro, bem no fundo, algo me disse que deveria ter ido ontem, assim que percebi que a minha Isabelinha não estava bem.
Como saber? Como ter a certeza? E se não fosse nada e apanhasses por lá uma infecção? E se, e se, e se... Os "ses" que nos consomem. Quero acreditar que um dia vou ser menos dramática, que não me vai custar tanto ver-te sofrer, que vou dizer "é normal", "isto passa"... mas por agora és a minha bebé e eu quero cuidar de ti.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Trocava contigo, filha

Trocava contigo, filha. Eu sabia que este dia ia chegar, mas não estava preparada.
Trocava contigo, filha. Nem pensava duas vezes. Ver-te doente consome-me.
Trocava contigo, filha. Já não consigo olhar para o termómetro e ver a contagem a crescer até aos trinta e nove e meio.
Trocava contigo, filha. Quando não consegues respirar e pedes ajuda num choro aflito, o meu coração fica do tamanho de uma ervilha.

Ontem só conseguiste adormecer na nossa cama, aninhada a mim. Dormimos assim, coladas. A chucha cai para conseguires respirar pela boca e precisas de mimo. Dou o melhor de mim. 

Sei que vai passar, faz parte. Mas também sei que outras dores virão. Cá estarei para tentar derrubá-las, para te dar aconchego e encher-te de beijos. Colo, muito colo, estejas doente ou não. E uma vontade enorme de que voltes para a minha barriguinha, onde estavas protegida de tudo.
Trocava contigo e por ti dava a vida, sem pestanejar.















quinta-feira, 16 de outubro de 2014

7 meses? Nãããããããããão!

It's my party and I cry If I want to... la la la 

Hoje foi o dia da Isabelinha. 7 meses.... puff, já lá vão!

Este último mês foi um mês de muitas descobertas. Já se põe de gatas e ali fica a embalar-se, depois põe os joelhos à frente um dos outro mas as mãos ainda não avançam. Para seguir em frente, arrasta-se. Já se senta sem mãos, e hoje pela primeira vez, agarrou-se às minhas pernas e pôs-se de pé. Como? Não percebi. Fiquei estupefacta, não estava preparada para isto. Está na hora de descer o berço, não vá ela tentar um mortal encarpado.

Não sai do da-da-da, mas hoje deitou-me a língua de fora e, perante a minha cara de espanto, repetiu a façanha não sei quantas vezes. Não sei com quem aprendeu isto, mas aposto um dedinho do pé em como foi na creche.

Andou o dia todo muito bem disposta, excepto, claro está, no momento da fotografia. Tirei-lhe o quadro das mãos e foi o vê se te avias. Contrariá-la dá nisto. Já ralha connosco, a gaiata.
Odeia vestir camisolas. Ficar sozinha a brincar na sala, nem pensar! Quer o nosso olhar nela. Tosse quando está chateada, cada vez com mais força.

Ontem deu gargalhadas quando a fui buscar à creche. E no banho, pela primeira vez, a chapinhar na água.

Vivemos, cada vez mais, para as manhãs na ronha e para o final do dia no banho e na moleza. Esperamos impacientemente pelos fins-de-semana para estarmos os três, inteiros, a desfrutar do melhor da vida. Se o tempo passa a correr? Passa, sem dúvida! Quando o tempo não é nosso a cem por cento, escorre por entre os dedos. Por mais que aproveitemos todos os segundos, todos os segundos são poucos. Queria ter mais segundos. Horas. Dias.


segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Temos menina do papá...

Isabel Brás da Silva, ouve bem a tua Mãe! Se achas que podes, do alto dos teus 6 meses e 27 dias, andar a fazer olhinhos ao teu pai, então vamos ter uma conversinha! Se achas bem derreteres-te com ele quando estamos os três na ronha de manhã, estás muito enganadinha! Livra-te, minha menina, de dizeres primeiro “papá”. Já andas nos “dadadada” e nos “rarara” e eu até estremeço em pensar que o “papapa” vem a seguir. Vou negar com todas as minhas forças. É “papa” de comida, obviamente.

Isto de andar contigo dentro de mim 9 meses, ficar gordalhufa e passar a chorar com tudo o que envolve crianças e maternidade, cães e gatinhos abandonados, culminar num “papá” é injusto. Por isso, minha menina, vai lá treinando o “mamã” para não termos de ajustar contas.

Se tal acontecer, eis o que sucede: o teu pai fica responsável durante 2 anos e meio de trocar TODAS as tuas fraldas, de ir ao teu quarto durante a noite TODAS as vezes que choras, passas a beber leite em biberon e deixas de ter cabelos compridos para puxar. Estamos entendidas? Bem, bem.


domingo, 12 de outubro de 2014

Da Saudade

A minha mana chegou ontem dos Estados Unidos. É a minha mana do coração, que esteve 12 anos a viver longe de nós. Quer dizer, 12 só no Dubai. Já antes tinha estado em Londres e agora está a viver em San Antonio, no Texas. Assim que a vi, comecei a chorar. Abracei-a com força. Mas o melhor estava ainda para vir: conhecer a Isabel. Assim que a pegou ao colo, as lágrimas foram mais fortes. Chorámos as três: a Sofia, a minha mãe e eu. 
A minha mana não tem o meu sangue, mas conhece-me desde os meus seis anos. A minha mana está longe de nós, mas é como se nunca tivesse saído. A minha mana é das pessoas mais bonitas que eu conheço. Viu-me crescer e eu vi-a tornar-se numa mulher forte, lutadora, disposta a ir para o outro canto do mundo para poder construir uma vida melhor. Sinto a falta dela. A distância magoa. A falta de oportunidades em Portugal consome-me. Mas hoje ela foi nossa. Por inteiro. Abraçou-nos, beijou-nos e fotografou-nos, como ninguém. As fotografias mais especiais de sempre.
Tenho a certeza de que a Isabel já a ama muito, como eu a amo. E que quando falar, vai perguntar pela tia Sofia, com saudades.
Obrigada, Sofia! Por tudo.
 

sábado, 11 de outubro de 2014

Cinema a dois (e a Isabel sempre comigo)

Ontem foi noite de cinema. A dois. Já tinha saudades de sentir a emoção de um thriller e de partilhar este momento com ele. Gone Girl de David Fincher. Obrigatório!
Pelo caminho comprei um brinquedo para a Isabel. Uma luva com fantoches para tentar arrancar aquela gargalhada que me enche o coração. Não foi para compensar a ausência, até porque ela já estava a dormir quando saímos. Foi simplesmente porque ela não me sai da cabeça... Vai ser sempre assim, não vai? Vou estar sempre com este sentimento de incompletude? Vou querer sempre correr para casa para a estrafegá-la com beijos?... A resposta é simples.


terça-feira, 7 de outubro de 2014

A primeira mensagem da minha filha

A Isabel ficou hoje com a minha mãe e enviou-me a primeira mensagem. Sou suspeita, mas nota-se já um grande potencial para comunicar. Hahaha
 

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

O meu casamento de sonho

O meu casamento de sonho. És tu, sou eu, é a nossa filha. Os amigos e a família. No campo, com flores, com luzinhas penduradas nas árvores, com mesas corridas cheias de petiscos cozinhados pela avó Rosel, com cadeiras cada uma de sua nação, com mantas no chão, bandeirinhas penduradas, sorrisos e balões. Um bolo branco imperfeito de dois pisos mas saboroso. Um vestido de noiva discreto, mas romântico. Fotografias pouco estudadas e momentos cúmplices. Danças de pés descalços e com a luz de fim de dia a dourar os cabelos. Beijos e mais beijos e música da boa ou pimba quando os brindes forem já muitos. Um dia inesquecível, onde o nosso amor a três será partilhado com todos aqueles que nos querem bem e que nos amam. Sonho com isto. Quem sabe... um dia! A três ou a quatro ou a cinco. Todos juntos, a celebrar o amor.