sábado, 19 de abril de 2014

A primeira Páscoa

A primeira Páscoa da Isabel. Santarém, a minha terra. A casa com flores apanhadas do quintal. Margaridas selvagens. As amêndoas recheadas com chocolate, com pinhões ou com amêndoas. As de chocolate e canela da Regina, numa taça transparente. Na cozinha, rapam-se os tachos. Desta vez a novidade é um tiramisú de mascarpone e framboesas. O arroz doce da avó Rosel não vai faltar. O sol espreita timidamente na janela. As cores do campo são bonitas e o tempo parece parar.
O meu quarto tem agora uma cama de bebé ao lado da minha. Arrepiei-me assim que vi. As paredes daquele quarto testemunharam sonhos de adolescente, viram-me estudar horas a fio e agora recebem a minha filha. Quão surreal é tudo isto?...

A primeira Páscoa da Isabel é na casa da avó Béu, a minha mãe. A pessoa mais bonita que conheço. É só vê-la com a neta ao colo que as lágrimas ameaçam logo cair. Espero ser tão boa mãe quanto ela. Fez-me acreditar em mim. Nunca me deixou desistir dos meus sonhos. A minha memória está cheia de abraços, de beijos, de conversas à mesa, de brincadeiras na praia, de mimo, de manhãs de fim-de-semana passadas no quarto deles, de raspanetes quando eu e o meu irmão embirrávamos um com o outro, de gargalhadas. Que eu tenha o tempo, a generosidade, a paciência, a leveza da minha mãe. Tenho a certeza de que vai ser a melhor das avós. Uma mãe ao quadrado.

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