quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Às avós

Dediquei um texto às Avós, no blog a Mãe é que sabe. Tentei pôr-me na pele delas.
Às vezes ouço mães a queixarem-se das mães e das sogras e acho que conseguimos ser um bocadinho injustas. Fazem-nos tanta falta (e aos nossos filhos) e que pena tenho de ter as avós da Isabel a quilómetros de distância.

Fui avó, por uns minutos. Espero que gostem.




Uma avó cuida, ama ao quadrado e ainda leva reprimendas.
Uma avó já foi mãe embora os filhos façam questão de lhe relembrar, vezes sem conta, que já foi há muito tempo, que já não sabe nada e que não é ela a mãe.

Uma avó quer agradar e passar tempo de qualidade com os netos. Não tem de ser mãe.
Uma avó não ralha e mesmo que façam o maior dos disparates “foi sem querer, coitadinho.”
Uma avó mima e (não) estraga. Em muitos casos, não vê os netos todos os dias e quer condensar o tempo perdido num fim-de-semana. Quer voltar a ver crescer e voltar a ser criança. Quer que uma hora seja uma montanha russa de emoções.
Uma avó deixa as maçãs e as peras na fruteira e encarrega-se de lhes adoçar a boca, mas não faz mal porque “é só hoje”.
Uma avó partilha segredos com os netos. Quer criar cumplicidade e não quer levar na cabeça.
Uma avó fala pausadamente, com carinho e frescura na voz, e com toda a paciência do mundo. Está disponível para fazer o avião, mesmo que as cruzes não colaborem, e para fazer ovos com salsichas, caso eles não queiram a sopa.
Uma avó é presa por ter cão e por não ter. Se o neto faz birra no supermercado, a culpa é dela, que o estragou. Se lhe compra o chocolate, faz-lhe as vontades todas.
Uma avó ama incondicionalmente e tem de levar com o peso da idade como desculpa para não saber nada.
Uma avó quer reaver o tempo que não teve para os filhos e dá o melhor de si aos netos.

À minha mãe, à minha sogra e a todas as avós que nos seguem, 
obrigada por serem o nosso e o outro lado.

Obrigada por serem Avós.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

10

10 meses. 
O dentinho espreita sozinho de cada vez que ela faz o que mais gosto de a ver fazer: sorrir.
Sorri e ri-se com a boca toda, franzindo o nariz. Às vezes sorri sem razão aparente, só porque sim. É feliz. Menos quando lhe trocamos a roupa, a tiramos do banho ou lhe limpamos o nariz com soro, ou trocamos a fralda. Menos quando lhe tiramos algo da mão. Refila, manda-se para trás, barafusta, diz "mamamama", num tom de raiva.
É viciada na chucha. Manuseia-a como ninguém, tira e vira e põe. Quando não a tem pendurada, procura-a e pede-a. Mas se vê uma colher, cospe-a. Adora comer. Sopa, papa, iogurte natural, pão: tudo marcha. Gosta de mastigar pêra ou maçã. Bolacha Maria, o melhor de tudo, até faz uma festa.
Gatinha pela casa, sempre atrás de nós. Fica numa excitação quando nos encontra. Põe-se de pé em tudo o que é canto e já é raro cair: aprendeu como descer. Adora gavetas, abri-las e tirar tudo cá para fora.


Gosta de andar no cavalinho de madeira. Gosta de tomar banho comigo (fazêmo-lo ao fim-de-semana). Gosta de passear de carrinho.
Este último mês foi um mês de contrastes: o medo e a insegurança no hospital e a alegria em saber que este amor não tem fim. A certeza de que vamos ser muito felizes. Já o somos.









sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Quase a ir para casa!

Hoje a Isabel já não fez febre durante a noite, acordou 3 vezes para comer esfomeada e já começou a fisioterapia respiratória (odiou!).
Hoje finalmente já se falou na possibilidade de ter alta no fim-de-semana e continuar o tratamento em casa.
Vai já começar a fisioterapia na próxima semana.
Hoje de manhã andou muito bem disposta, deu gargalhadas e adorou andar no cavalinho de madeira. 

Além da sala de actividades ser fantástica, tentamos que o quartinho dela  seja o mais acolhedor possível. Trouxemos os livros e os amigos dela e entretanto já recebeu mais peluches: este macaco então fá-la cair para o lado a rir!
O fim destes dias já está à vista. Daqui a uns dias estaremos em casa a celebrar o nosso Natal, com o nosso menino Jesus.

Obrigada a todos pelas mensagens que diariamente nos fazem chegar.
Sentir que desse lado há gente preocupada connosco e a dar-nos força, faz-me acreditar na bondade e na generosidade e dá algum sentido a tudo isto. 

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Natal no hospital

E, de repente, os presentes de Natal que ainda faltava comprar, os bolos que não chegaram a ir ao forno, nada disso importa. 

Um abraço enorme a todos os pais que passam este Natal com o coração espremido, num hospital, longe do conforto de casa, a ver os filhos doentes. De corpo hirte quando a alma está partida.

Um agradecimento a todos os profissionais que nos ajudam também com um sorriso e com palavras meigas a ultrapassar tudo isto.

Aos que estão felizmente longe desta realidade, peço-vos: abracem-se, amem-se e sintam a sorte de estarem todos juntos e com saúde. Tudo o resto não importa!

E brindem a nós, que somos neste momento um rio de leito estreito. Mas ainda nos vamos voltar a espraiar. As margens vão afastar-se novamente e vamos voltar a correr livremente até ao mar. Em breve. Muito em breve.

Este sorriso da Isabel é tudo o que o meu coração precisa neste Natal. Já estamos a ficar boas. Quase, quase boas.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

9 meses e o amor do papá

O livro dos 9 meses ficou à responsabilidade do pai da Isabel. Escolheu um livro cheio de amor e abraços cúmplices entre um pai e um filho.
É incrível ver, todos os dias, aquele amor crescer. Quando ela vem para a nossa cama, para a ronha da manhã, é mágico vê-la, depois de mamar, procurar o pai. Vai acordá-lo com festinhas e encosta a cabeça no peito dele. Às vezes dá-lhe palmadas também. 
O sorriso e a cumplicidade deles é algo que me enche os olhos de lágrimas. Isto é tudo muito mais forte do que eu pensava poder ser.
O meu anjinho bom faz hoje 9 meses e completamos assim 18 meses do maior amor do mundo, vivido a três. Por ela, tudo.

sábado, 6 de dezembro de 2014

Ficava aqui para sempre

O dia aqui é longo. Ela gatinha na rua. Ri-se às gargalhadas com a prima. Come a sopa a olhar para a laranjeira e para o Gaspar, que vem espreitá-la várias vezes. Já não se assusta com o ladrar dele nem com as lambidelas. Ela é feliz aqui. Eu também.






segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Dia 1 - Começo

No mês de dezembro até ao Natal, todos os dias deixo uma mensagem ao pai da Isabel.
Dia 1. Começo. O início do nosso amor. Atribulado, apaixonado. Que usemos muitas vezes este verbo: começar.
Começar implica mudança, coragem, entrega a algo novo.
Nascimento. Tudo.